Fala do Trono de Sua Germânica Majestade Imperial
Fernando V
Imperador Alemão, Rei da Boêmia
Pronunciada no Palácio Imperial de Goslar, em 8 de junho de 2024, data de Sua Coroação.
Vossas Majestades,
Vossas Altezas,
Vossas Excelências,
Senhoras e Senhores,
§ 1º. É com indescritível emoção que me apresento diante do Reich e da comunidade de Nações após o chamado solene do Colégio de Eleitores. Neste momento em que celebramos o começo de um novo capítulo na longeva história deste país, não posso deixar de expressar o intenso sentimento de louvor à memória de meu Augusto predecessor, irmão e amigo, cuja partida tão prematura a todos nos atravessou pesarosamente.
§ 2º. Era absolutamente inimaginável pensar que algum dia nossa Nação teria de lidar com a ausência de seu fundador e, para muitas pessoas, figura de inestimável valor e sapiência por toda sua dedicação e afeto que por vinte e dois anos a muitos iluminou com seu carisma e liderança, e de quem a admiração e o respeito transcenderão os limiares do tempo.
§ 3º. Elevo meu pensamento em reverência e gratidão ao nome do falecido Imperador Guilherme III Luís e de todas as pessoas de seu círculo familiar, que mesmo expostos à dor e profunda tristeza, tanto nos auxiliaram na facilitação dos meios necessários para a preservação do legado iniciado por Sua Germânica Majestade Imperial. Faço registro do meu sincero agradecimento e homenagem pública ao Prof. Dr. Gilberto Thomas por sua disponibilidade em contribuir com a continuidade deste projeto nacional. Minha oração é que a família Thomas esteja sempre amparada no amor e na fraternidade do Reich alemão e de todo o micronacionalismo de língua portuguesa.
§ 4º. De maneira semelhante, em nome da Imperatriz Elizabeth e em meu próprio e de toda a Casa de Vyšehrad, faço uma especial e afetuosa menção à Sua Majestade Imperial a Imperatriz Viúva Juliana de Hohenzollern, pessoa que dedicou grande companheirismo, amizade e lealdade a meu irmão e nosso país por muitos anos e quem desejo prestar minha sincera gratidão e expressar meu carinho, pois bem sei a profundidade do sentimento devotado ao falecido Imperador.
Minhas senhoras e meus senhores,
§ 5º. Os nobres Eleitores me confiaram a tarefa de continuar o dever institucional de simbolizar o espírito comunitário de nossa sociedade e de representá-la diante dos Estados estrangeiros e fóruns internacionais. O desafio colocado pelas dramáticas circunstâncias que expuseram o Império ao mais delicado momento de sua história exige o empenho mais estrito para honrar o compromisso de suceder o imperador Guilherme e dar continuidade à sua obra.
§ 6º. Não há maneira mais adequada para corresponder ao chamado solene que me foi feito do que reiterar, de forma despretensiosa, desinibida e humilde, meu anseio de servir às expectativas que me foram depositadas por tantas pessoas, ofertando o que há de melhor em meu conhecimento e disponibilidade em favor do país e das pessoas que formam esta Nação.
§ 7º. Me dedicarei plenamente ao cumprimento da Capitulação Cesárea, honrando e fazendo cumprir as leis que sustentam o Império e preservar o bom funcionamento das instituições que caracterizam o modo de ser micronacional alemão. Enquanto me for possível, empregarei a plenitude de minha capacidade e meu poder a serviço da preservação da soberania, da independência e da unidade do país, reinar em favor de todos os alemães e apoiar os Estados do Império no melhor do interesse coletivo.
§ 8º. Neste espírito, o novo instante de nossa história sinaliza o momento apropriado para aprofundar as reformas já iniciadas no curso dos últimos anos. Meu predecessor, de Augusta e abençoada memória, vinha pavimentando o caminho para que o aprimoramento das instituições alemãs acompanhasse a vitalidade de nossa cidadania e lhe assegurasse melhores condições para o pleno desenvolvimento dos anseios da sociedade.
§ 9º. A Coroa Imperial reconhece que o Parlamento e os Príncipes Imperiais terão papel central na necessária e ampla revisão da legislação, com o intuito de fortalecer a vitalidade dos entes subnacionais e aperfeiçoar o estatuto de autonomia dos Estados, com vistas a contribuir com o incremento de suas identidades locais, oferecer melhores condições ao funcionamento de suas instituições e, abrir novas possibilidades de espaço para a convivência civil e o progresso geral da sociedade. Os Estados são, por assim dizer, um aspecto essencial do modo de ser alemão, os quais, junto das demais instituições da Nação, contribuem sensivelmente com a maneira singular como praticamos o micronacionalismo.
§ 10º. No que tange aos negócios diplomáticos, os compromissos internacionais assumidos pelo Reich serão honrados e as obrigações que nos são imputadas por convenções e tratados dos quais somos signatários serão cumpridas. A ênfase da atuação internacional do Império será fortalecer a conciliação e a cooperação com atores estrangeiros com vistas à estabilidade geopolítica, a manutenção do “status quo” lusófono, a segurança do espaço europeu e o fomento às boas práticas da expertise diplomática. Seja com Estados há muito consolidados ou com os novos projetos nacionais que despontam no horizonte, o Reich permanecerá com suas portas abertas ao diálogo de alto nível e resoluto em partilhar de sua ampla capacidade e experiência com aqueles igualmente engajados em preservar o espírito da concórdia global e da resolução pacífica dos conflitos.
§ 11º. Por meio da ação coordenada pela Secretaria Imperial de Relações Exteriores e demais órgãos do serviço diplomático alemão, providências serão tomadas para reavivar o processo de construção da Comunidade Atlântica, bem como retomar o diálogo com nossos parceiros europeus do Congresso de Füssen. Tais entidades expressam de maneira fidedigna a natureza do ideal alemão de contribuir com o engrandecimento da práxis diplomática e abrir possibilidades a um maior nível de integração e sinergia entre diferentes atores internacionais.
§ 12º. Também retomaremos nossa representação junto à Comunidade de Microestados Lusófonos, por reconhecermos naquela organização a instância apropriada para uma maior integração do Império à pluralidade de nações do hemisfério e por entendermos ser aquele o foro preferível para o apoio alemão em favor da sustentabilidade do micronacionalismo de língua portuguesa. O Reich continuará a ofertar seu apoio institucional às iniciativas da Assembleia Geral da CML de recepcionar novos países às convenções e regulamentos do direito internacional que regem o funcionamento da Lusofonia.
§ 13º. Nossas parcerias estratégicas com as nações do continente americano e as duradouras relações fraternas com os Estados orientais permanecerão na agenda alemã. O Império reafirma seu reconhecimento da vitalidade do micronacionalismo em sua capacidade de constantemente reinventar-se e encoraja os mais diferentes atores diplomáticos e agentes políticos a preservarem o ânimo em prol da abertura de novas possibilidades à promoção do bem comum e da diversidade cultural lusófona.
Senhoras e Senhores,
§ 14º. Em relação ao âmbito doméstico, é meu desejo mais caro mobilizar os atores políticos do país para a possibilidade de prover, na melhor forma e no menor tempo possível, eleições legislativas que conduzam à instalação de uma nova Chancelaria constituída a partir do sufrágio popular. Nosso Império jamais renunciou à sua vocação democrática de ser um território do livre exercício da individualidade em todas as suas formas e da prática do franco e civilizado debate político. A defesa da pluralidade de opiniões sempre se constituiu em um valor basilar da sociedade alemã e continuará a sê-lo no porvir.
§ 15º. A Alemanha vem experimentando um aumento gradativo de sua população, o que desperta uma vez mais o ímpeto de dinamizar nosso cotidiano e abrir novas oportunidades aos cidadãos para expressarem sua visão para o país através da política e da atuação partidária. A cálida temperatura do debate razoável e sensato, longe de paixões totalitárias ou de consensos frios, sempre foi a verdadeira face da democracia alemã e da maneira como nossa sociedade convive com a alteridade e o pensamento divergente.
§ 16º. Que possamos novamente desfrutar do movimento e das oportunidades que este instante nos oferece e preparar o caminho para o surgimento de novos agentes políticos encorajados em ocupar um lugar de liderança à frente de suas comunidades. É meu desejo que possamos novamente testemunhar o nascimento daquele mesmo entusiasmo que nos moveu ao longo dos anos e preparar o caminho para que um dia estes mesmos alemães possam apropriarem-se dos recursos disponíveis em favor da continuidade da Nação.
§ 17º. Em suas duas décadas de existência, a história do Império refletiu os muitos caminhos pelos quais cada um de nós passou até o momento de nossa chegada a este país. A Alemanha sempre foi nosso espaço do encontro, moldado e mantido pela somatória das biografias de sua gente. Nosso modo de ser enquanto parte desse enorme universo lusófono se percebe na maneira excelente com que praticamos nosso civismo e na contribuição alemã à própria essência do micronacionalismo em língua portuguesa.
§ 18º. Tudo isso permeado pela inestimável trajetória de individualidades enredadas em nosso tecido social. Todos aqueles entusiasmados pela civilidade, pelo bem-estar coletivo, pelo aperfeiçoamento de suas habilidades sociais, e engajados no propósito da boa política serão sempre bem-vindos a se apresentarem, pois é esta a essência da qual é feito o Reich alemão: uma Nação construída por histórias de vida. Histórias essas que, sempre e a todo instante, a partir de suas iniciativas individuais ou ações coletivas, transformam inegavelmente a totalidade do país e lhe confere a unicidade que o torna peculiar entre a constelação de micronações lusófonas.
§ 19º. Não importa a idade, experiência, conhecimento, ou qualquer outro conteúdo de sua natureza individual, somos todos alcançados pelos benefícios gerados pela sua simples presença entre as fileiras de nossa população. A diversidade humana sempre terá espaço sob as asas da Águia Germânica e seremos sempre gratos e privilegiados pela presença de todos aqueles que decidiram cruzar nossa fronteira com o objetivo de se somar a este modo de existir que nos faz sentir orgulho de sermos alemães.
§ 20º. Neste sentimento solene do início do novo reinado, sem perder de vista a saudade e a recordação afetuosa que a todos enlaça, o Império continuará sua história. Valendo-me das palavras imemoriais do saudoso Imperador, que possamos utilizar da experiência acumulada pelo longo passar dos nossos vinte e dois anos de existência para celebrar o acerto, apontar o erro, sugerir a correção e limitar aquilo que está em desacordo com a visão de um micromundo universalmente pertinente, adequado e próspero.
§ 21º. A toda cidadania alemã residente na Áustria, Luxemburgo, Baviera, Boêmia, Hanôver e Prússia; a todos os membros da estação aristocrática alemã aquém e além das fronteiras do Reich; e à toda universalidade e polifonia de vozes da comunidade internacional, renovo o meu juramento firmado diante dos Príncipes, dos Vigários e dos Eleitores Imperiais, rogando por seu auxílio, sua boa crítica, seu conselho e seu bom testemunho para me assistirem no desempenho das responsabilidades que assumi e em favor das quais dedicarei o restante de minha biografia.
§ 22º. Faço a todos um sincero convite. Que nos reencontremos continuamente neste caminho iniciado em Munique, no nostálgico ano de 2002, e que agora, em 2024, seguirá para a Boêmia. Tomemos a estrada para este lugar ideal de afeto e pertencimento que escolhemos construir na companhia daquelas pessoas que decidiram partilhar do mesmo sonho germânico trazido à luz pelo abençoado imperador Guilherme, e cuja memória permanecerá sempre viva conosco no caminho que está à nossa frente. Venham todos, meus amigos, pois é hora de seguirmos para Thomasstadt.
Muito obrigado.