České Království

Královské Prohlášení 28. září 2020

Mensagem de Sua Majestade pela festa memorial de São Venceslau

Senhoras e Senhores,

Com grande alegria e particular emoção me dirijo a vocês nesta data de especial significado para nosso país. Neste dia comemora-se a festa em memória à vida e as obras heroicas do duque São Venceslau I, considerado pela tradição local como o patrono do Estado boêmio e que fora foi assassinado aos 28 de setembro no Ano da Graça de 935, quando tinha apenas 24 anos de idade.

Sua biografia é repleta de demonstrações de sua constituição como um homem de princípios, devotado à sua fé e ao bem-estar do seu povo e do seu país, aspectos que segundo constam teriam sido oriundos das instruções recebidas de sua avó, Santa Ludmila. Suas realizações nos catorze anos de reinado indicam ser alguém de destacável virtude, procurando preservar a liberdade de seu povo e assegurar a sobrevivência das tradições e identidades que dão forma à Boêmia como um país singular.

A construção de Venceslau como um signo pátrio sinaliza o irrefreável intuito de nossa pequena nação de ocupar seu espaço de direito em meio a constelação de Estados que conformam o Império e a Europa. De forma análoga à complexidade dos desafios e das adversidades que a Boêmia medieval enfrentava, nosso Reino também sente o fardo que lhe impõe a busca pelo contínuo progresso em tempos outonais da Lusofonia, mas que paulatinamente poderá ser superado com o discernimento e criatividade, invocando a história como matriz para uma infinidade de realizações que somos capazes de lograr. O resgate da cultura boêmia cristalizada na memória de São Venceslau nos cativa a experimentar a plenitude que as representações históricas podem nos proporcionar como instrumental para a construção do nosso cotidiano. Esta engenhosa dialética entre o clássico e o moderno nos apresenta como uma perspectiva que apenas poderia ser ensejada pelos povos que conhecem em profundidade sua história e dela se apropriam como um vetor que reafirma sua identidade e lhe vocaciona à autodeterminação.

No entanto, a construção de um Estado é um processo sobremaneira árido, muitas vezes egocêntrico e exaustivo, limitado por diversas circunstâncias, nem todas elas previsíveis, e envolve extensivo manejo da arte, da ciência, do direito e do sonho como matéria-prima deste trabalho. Por muito tempo a Boêmia foi sendo desenhada como um projeto que não se limitaria à uma sombra personificada em seu fundador, pelo contrário, sempre ansiou por apresentar-se ao mundo como um território de sinergias plurais que nos acolhem vindas de inúmeras direções. E esta natureza cosmopolita tem se harmonizado de forma amistosa ao patrimônio que nos foi legado pelos séculos de tradição documentada do país.

A Boêmia é uma terra de reencontros. Seja de seus residentes estrangeiros com o costume local, para muitos ainda ininteligível ou quase impronunciável; seja do presente com o seu passado; ou do progresso com a história. De toda a forma, nosso pequeno país é um ensaio para o reencontro do conhecimento com o entusiasmo primaveril dos anos de uma era que não poderemos mais recuperar. Mas tal atestado não nos conduz ao desalento. É fato que há a probabilidade de não alcançarmos determinados objetivos, mas creio que poderemos logo encontrarmos alternativas, pequenas aberturas de criatividade e boa fé com a justa medida de reinventar nossas práticas e com perseverança chegarmos a um bom lugar que todos poderemos desfrutar.

A Rainha e eu desejamos compartilhar neste dia de celebração nossa convicção manifesta na capacidade de manejarmos habilmente estes tempos líquidos. Acreditamos que o resgate da memória virtuosa de boêmios consagrados pelos altares e pela história seja um caminho para o reencontro de nosso povo com sua identidade e assim, balizar o caminho reto que a Boêmia reafirma seguir neste dia em que celebramos a vida de nosso heroico patrono. São Venceslau, rogai por nós.

Praga, 28 de setembro de 2020. 17º do Reich, 2º de Nosso Reinado.