Vyšehrad, Praga, 16 de junho de 2019 – Edição 19
Novo Barão. Novo Governo. Novo Capítulo.
Foi com uma localidade austríaca, ao largo da fronteira ítalo-germânica na Caríntia, que o Kaiser homenageou seu mais novo barão e cavaleiro da Cruz de Ferro. Carol von Spitall an der Drau foi criado o mais recente integrante do estamento aristocrático imperial após ser reconhecido por sua lista longa de feitos em honra ao Reich , além de uma sólida lealdade ao ideal micropatriológico alemão em momentos dos mais delicados que muito agradaram ao Palácio Nymphenburg.
Mal o novo barão levantou-se diante de Wilhelm III e já recebeu da Coroa sua mais recente tarefa, talvez aquela das mais complexas fora dos trabalhos aos quais está mais acostumado. O imperador lhe confiou a presidência do Governo da Alemanha à frente da Residenz München, a sede da Chancelaria Imperial.
Diferente do que o senso comum compreende, o título de chanceler refere-se ao chefe do governo de apenas dois países da Lusofonia: Alemanha e Maurícia. O rito de instalação varia conforme as singularidades nacionais, mas no desenho jurídico alemão compete ao imperador designar seu primeiro-ministro, embora tenha sido habitual convidar-se o líder do partido majoritário na Dieta para a incumbência de formar um gabinete. No que se refere ao barão de Spitall an der Drau há um detalhe adicional: a conjuntura parlamentar. Diferente de seus últimos quatro predecessores, a designação do novo Governo coincidiu com a dissolução da Câmara Baixa do Parlamento, a Dieta Imperial, cuja 14ª sessão estava reunida em Nuremberg.
As recentes renúncias de deputados inviabilizaram a normalidade legislativa constituída pela via eleitoral. Restou, então, aplicar o dispositivo legal para situações como esta e dissolver a Dieta, transferindo-se a competência legislativa ao Conselho Imperial (Reichsrat) permanentemente reunido em Praga. Caberá ao novo chanceler defender sua Administração perante a “crême de la crême” da nobreza alemã constituída por personagens como o príncipe da Baviera, o príncipe da Vestfália e o burgrave de Praga. Espera-se para os próximos dias que a Chancelaria apresente as linhas gerais de sua gestão à frente do Governo neste novo momento político da Alemanha.
O novo capítulo histórico alemão que o barão de Spitall an der Drau terá à frente da Chancelaria coincide com o início de um período de transformações significativas no Reich e que devem alcançar contornos institucionais bastante amplos. Ainda não se sabe exatamente o que deverá mudar, mas boatos na corte em Munique apontam para um maior protagonismo local na tarefa do manejo diário do cotidiano social. Não se sabe se será uma retomada do modelo federal pré-2015 ou uma redistribuição de competências administrativas com a aristocracia imperial. Talvez o chanceler recém-empossado possa contribuir de maneira singular nesta reforma que se avizinha.